segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A IMPORTÂNCIA DA PAZ-CIÊNCIA

Sempre que vê uma manifestação pela paz, um amigo questiona: para que servem passeatas, documentos, cantos, danças, rezas pela paz? Isso irá impedir o Irã de construir bombas atômicas? Vai sustar o próximo míssil covarde palestino, o próximo comando assassino israelense? Poderá neutralizar a indústria armamentista no mundo? Essas atividades desmontarão uma facção criminosa, evitarão crimes, mudarão a decisão de um agressor doméstico?  Afinal, nós atuamos ou não na construção da paz?

A visão fragmentária e materialista entende o mundo como um conjunto caótico de indivíduos livres em encarniçada luta pelo poder e pela sobrevivência. No entanto, a própria ciência tradicional, toda ela fragmentária e materialista, já demonstrou que a realidade é um campo eletromagnético, ou eletroquímico, ou um ecossistema, regida por leis lógicas, e tão integrada que se uma molécula, uma carga, ou uma espécie for suprimida, a realidade se alterará. Inconsciente, o homem comum ainda não percebe que faz parte do meio ambiente, que está em constantes relações químicas, físicas e biológicas com seu meio, que seu próprio corpo é um ecossistema e um campo energético complexo.

Quem só admite o que vê e toca ignora quase tudo o que o envolve. A eletricidade, a radioatividade, as nanopartículas exercem papel cada vez mais decisivo em nossas vidas. A Física Quântica deixou clara a influência do pensamento e da atitude do observador nos eventos e experimentos, especialmente no mundo subatômico, base de tudo o que existe na matéria. Tornou-se simplesmente impossível, para quem pensa racional e cientificamente, acreditar na independência e fragmentação dos fenômenos.

É a própria ciência moderna quem nos apresenta como integrantes de um enorme campo físico-químico-elétrico-magnético-biológico-psicológico no qual as ações individuais interinfluenciam-se muito mais do que costumamos crer. Nele, é o ambiente que determina a ação individual e a exceção é o ser humano consciente, único capaz de, através da vontade, contrapor-se à tendência apresentada pelo meio. Poderá ele influenciar decisões, fatos distantes e complexos? Não imediatamente. Mas tem-se como certo que a mudança de uma parte ao longo de certo tempo alterará o todo e este, alterado, induzirá nova mudança das partes. Em quanto tempo? Que alteração se conseguirá? Dependerá da intensidade da mudança original. “O amor cobre a multidão dos pecados”, disse e exemplificou Jesus, “se um único homem chega à plenitude do amor, neutraliza o ódio de milhões” disse e demonstrou Gandhi.

Sem esse amor vigoroso, não podemos mesmo alcançar o que eles realizaram, mas com fração dele podemos propor um movimento e uma ciência da paz. Cientes de nossa integração com tudo o que existe, seremos capazes de reconhecer e alterar nossa postura em casa, no trânsito, no trabalho, começando por atitudes antes insignificantes, como encher uma jarra de água, servir um café, comentar uma notícia, na certeza de que impregnaremos tudo o que fizermos e dissermos com energia, contribuindo com a multiplicação do amor ou do ódio, da violência ou da paz.

por Maurício de Araújo Zomignani em Março de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário