Dilma pediu o fim das armas nucleares. Lembrou a “ameaça
permanente que essas armas de destruição em massa apresentam para a humanidade”. Mesmo sem a paranóia da guerra fria, é realmente
inseguro esse nosso mundo, marcado pela radicalização do terrorismo, pela
entrada do Irã e da Coréia do Norte no chamado “clube nuclear”, todos identificados
num antiamericanismo sem limites, por um lado e, no outro extremo, pelo único
país do mundo que já utilizou armas atômicas em populações civis, detentor do
mais terrível arsenal atômico e propagandista de uma cultura marcada pelo uso
sistemático de armas como pretensa solução de conflitos, pela intolerância e
ódio às minorias, pelo desprezo em relação ao que chamam de Rest of Word. Reivindicou, nossa
presidente, que “redobremos nossos esforços em prol do desarmamento geral”. Enquanto
essas significativas palavras eram pronunciadas em Nova Iorque, por aqui os brasileiros
souberam que David Mota Nogueira, de 10 anos, havia saído de sua sala de aula
para ir ao banheiro e, na volta, diante de uma classe de vinte e cinco
crianças, atirou nas costas de sua professora e se matou logo depois com a arma
de seu pai, um guarda municipal.
Conflitos humanos são tão comuns que não se consegue admitir
um tempo no qual eles não existam. No entanto, o ser humano de nossos tempos
não é capaz de viver as diferenças fora de um clima enlouquecido de competição
do qual não se sai sem a sensação de uma derrota total ou de uma vitória
absoluta. Daí para uma ação violenta que subjugue ou elimine aqueles que nos dificultam
os propósitos é um passo insignificante para mentes debilitadas.
Assim com as pessoas, tal qual entre as nações. George Bush não elaborou uma lista dos países
que lhe contrariavam, componentes do que ele chamou de Eixo do Mal, dois dos quais já sob massacrantes campanhas
militares, ficando explícita a ameaça de justiçar também os demais? Não estava
ele com recordes de impopularidade, os quais foram revertidos com o início da guerra
contra o Iraque?
Se os conflitos humanos sempre existiram, se, mesmo com
tanto sofrimento, não conseguimos perceber o meio de aprendizado existente nas
diferenças para distinguirmos somente ameaças e inimigos, não há dúvida de que
a existência e a disponibilidade de armas aumenta absurdamente a letalidade dos
conflitos.
Como afirmou a líder brasileira, é urgente a extinção das
amas de destruição em massa de forma ordenada e, em meio a isso, é fundamental
cobrar procedimentos de manutenção e segurança transparentes e fiscalizados
pela comunidade internacional. Que fique claro a todos, no entanto, que é também
urgente realizar um drástico desarmamento de nossa própria sociedade com estabelecimento
de claros e rígidos procedimentos e fiscalização para todos aqueles a quem for
permitida a posse de armas de fogo. É insuportável
a vida sob essa ameaça permanente. A educação, a infância, a civilização só serão
possíveis com a redução sistemática da letalidade das agressões até que
aprendamos a viver nossas diferenças sem mais recorrer à qualquer forma de
agressividade.
por
Maurício de Araújo Zomignani em Setembro de 2011
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