segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

DESARMAMENTO GERAL

Dilma pediu o fim das armas nucleares. Lembrou a “ameaça permanente que essas armas de destruição em massa apresentam para a humanidade”.  Mesmo sem a paranóia da guerra fria, é realmente inseguro esse nosso mundo, marcado pela radicalização do terrorismo, pela entrada do Irã e da Coréia do Norte no chamado “clube nuclear”, todos identificados num antiamericanismo sem limites, por um lado e, no outro extremo, pelo único país do mundo que já utilizou armas atômicas em populações civis, detentor do mais terrível arsenal atômico e propagandista de uma cultura marcada pelo uso sistemático de armas como pretensa solução de conflitos, pela intolerância e ódio às minorias, pelo desprezo em relação ao que chamam de Rest of Word. Reivindicou, nossa presidente, que “redobremos nossos esforços em prol do desarmamento geral”. Enquanto essas significativas palavras eram pronunciadas em Nova Iorque, por aqui os brasileiros souberam que David Mota Nogueira, de 10 anos, havia saído de sua sala de aula para ir ao banheiro e, na volta, diante de uma classe de vinte e cinco crianças, atirou nas costas de sua professora e se matou logo depois com a arma de seu pai, um guarda municipal.

Conflitos humanos são tão comuns que não se consegue admitir um tempo no qual eles não existam. No entanto, o ser humano de nossos tempos não é capaz de viver as diferenças fora de um clima enlouquecido de competição do qual não se sai sem a sensação de uma derrota total ou de uma vitória absoluta. Daí para uma ação violenta que subjugue ou elimine aqueles que nos dificultam os propósitos é um passo insignificante para mentes debilitadas.

Assim com as pessoas, tal qual entre as nações.  George Bush não elaborou uma lista dos países que lhe contrariavam, componentes do que ele chamou de Eixo do Mal, dois dos quais já sob massacrantes campanhas militares, ficando explícita a ameaça de justiçar também os demais? Não estava ele com recordes de impopularidade, os quais foram revertidos com o início da guerra contra o Iraque?

Se os conflitos humanos sempre existiram, se, mesmo com tanto sofrimento, não conseguimos perceber o meio de aprendizado existente nas diferenças para distinguirmos somente ameaças e inimigos, não há dúvida de que a existência e a disponibilidade de armas aumenta absurdamente a letalidade dos conflitos.

Como afirmou a líder brasileira, é urgente a extinção das amas de destruição em massa de forma ordenada e, em meio a isso, é fundamental cobrar procedimentos de manutenção e segurança transparentes e fiscalizados pela comunidade internacional. Que fique claro a todos, no entanto, que é também urgente realizar um drástico desarmamento de nossa própria sociedade com estabelecimento de claros e rígidos procedimentos e fiscalização para todos aqueles a quem for permitida a posse de armas de fogo.  É insuportável a vida sob essa ameaça permanente. A educação, a infância, a civilização só serão possíveis com a redução sistemática da letalidade das agressões até que aprendamos a viver nossas diferenças sem mais recorrer à qualquer forma de agressividade. 

por Maurício de Araújo Zomignani em Setembro de 2011 

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