segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

UMA NOVA DITADURA

Onde está o poder? Essa ancestral meta humana, tão absorvente que se confunde com a felicidade, vem acompanhando toda a história e transformando-se tanto com ela que se pode falar de uma história do poder.

A humanidade já concentrou sua ânsia de poder na força e no sexo, dos quais as armas são apenas uma extensão tecnológica. A política, herança de nossa animalidade, posto que também os animais que se organizam em bandos lutam por liderança, é um segundo estágio já que insere na questão do poder o interesse coletivo. A religião segue-se à política como importante forma de poder por ser exercida muitas vezes como forma de dominar, em que pese a existência, como também na política, de autênticos líderes e luminares morais, de cujas tentativas de imitação pelas aparências, com o claro objetivo de apenas usufruir privilégios, decorre toda a distorção. Até aí foram as sociedades tribais, ainda que permaneçam essas formas de poder na atualidade, pois a história não se desenvolve em fases estanques, e porque há muitos indivíduos que evoluem em ritmo inferior ao do seu tempo.

A moeda, essa invenção tão humana, é outra estupenda fonte de poder, agora no campo simbólico, já que representa inúmeras possibilidades que as sociedades humanas conferem àqueles que a possuem. Seguindo num claro processo de sofisticação e subjetivação das formas de poder, a palavra, símbolo da informação, é a mais recente forma de poder. Como essa história do poder vem multiplicando espaços e mecanismos, e como a partilha do poder nunca foi processo pacífico, a ação de dominadores eclesiais, militares e políticos queimando livros, arrogando exclusividade na interpretação, e a sina das ditaduras de fechar jornais – e dos lideres políticos de os possuírem – representam bem a importância da palavra como meio de poder na sociedade moderna.

A revolução da comunicação que vimos vivendo acelera e aprofunda tanto a importância da informação quanto a pulverização do poder. Frente à realidade atual, na qual há bilhões de fontes de informação, tantas quantos indivíduos e instituições conectadas, o domínio das agências internacionais de notícias, enorme há até poucas décadas, parece nulo. Descobre-se agora, no entanto, que por trás das tão atraentes redes sociais, há um processo absurdo e não autorizado de concentração de informações individuais, como comprovou um estudante de Direito em Viena que declara haver obtido do Facebook 1.200 páginas de informações a seu respeito armazenadas pelo programa. Vislumbra-se, com isso, a existência de um banco de dados enorme, muito amplo e atualizado nas mãos dessas redes, o que nos habilita a perguntar: Quem autorizou que isso ocorresse? Quem sabia disso? Qual a importância econômica e política dessas informações? O que fazem seus administradores com isso? Quais as implicações e os limites de tanto poder?

A característica expansiva de todas as formas de poder exige controle social para não permitir a geração de ditaduras. De nossa consciência e ação nesse processo dependerá se ele irá desenvolver a democratização do poder da informação ou sua concentração e apropriação e utilização não autorizadas. 

por Maurício de Araújo Zomignani em Março de 2012 

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