Onde está o
poder? Essa ancestral meta humana, tão absorvente que se confunde com a felicidade,
vem acompanhando toda a história e transformando-se tanto com ela que se pode
falar de uma história do poder.
A humanidade
já concentrou sua ânsia de poder na força e no sexo, dos quais as armas são apenas
uma extensão tecnológica. A política, herança de nossa animalidade, posto que
também os animais que se organizam em bandos lutam por liderança, é um segundo
estágio já que insere na questão do poder o interesse coletivo. A religião
segue-se à política como importante forma de poder por ser exercida muitas
vezes como forma de dominar, em que pese a existência, como também na política,
de autênticos líderes e luminares morais, de cujas tentativas de imitação pelas
aparências, com o claro objetivo de apenas usufruir privilégios, decorre toda a
distorção. Até aí foram as sociedades tribais, ainda que permaneçam essas formas
de poder na atualidade, pois a história não se desenvolve em fases estanques, e
porque há muitos indivíduos que evoluem em ritmo inferior ao do seu tempo.
A moeda,
essa invenção tão humana, é outra estupenda fonte de poder, agora no campo
simbólico, já que representa inúmeras possibilidades que as sociedades humanas
conferem àqueles que a possuem. Seguindo num claro processo de sofisticação e
subjetivação das formas de poder, a palavra, símbolo da informação, é a mais recente
forma de poder. Como essa história do poder vem multiplicando espaços e
mecanismos, e como a partilha do poder nunca foi processo pacífico, a ação de dominadores
eclesiais, militares e políticos queimando livros, arrogando exclusividade na interpretação,
e a sina das ditaduras de fechar jornais – e dos lideres políticos de os possuírem
– representam bem a importância da palavra como meio de poder na sociedade
moderna.
A revolução
da comunicação que vimos vivendo acelera e aprofunda tanto a importância da
informação quanto a pulverização do poder. Frente à realidade atual, na qual há
bilhões de fontes de informação, tantas quantos indivíduos e instituições conectadas,
o domínio das agências internacionais de notícias, enorme há até poucas
décadas, parece nulo. Descobre-se agora, no entanto, que por trás das tão
atraentes redes sociais, há um processo absurdo e não autorizado de
concentração de informações individuais, como comprovou um estudante de Direito
em Viena que declara haver obtido do Facebook 1.200 páginas de informações a
seu respeito armazenadas pelo programa. Vislumbra-se, com isso, a existência de
um banco de dados enorme, muito amplo e atualizado nas mãos dessas redes, o que
nos habilita a perguntar: Quem autorizou que isso ocorresse? Quem sabia disso?
Qual a importância econômica e política dessas informações? O que fazem seus
administradores com isso? Quais as implicações e os limites de tanto poder?
A característica
expansiva de todas as formas de poder exige controle social para não permitir a
geração de ditaduras. De nossa consciência e ação nesse processo dependerá se
ele irá desenvolver a democratização do poder da informação ou sua concentração
e apropriação e utilização não autorizadas.
por
Maurício de Araújo Zomignani em Março de 2012
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