segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

ESPERANÇA ONDE HAVIA DESESPERO

Os cenhos estavam franzidos. O cinismo dominava os palácios dourados. O ceticismo, a incredulidade, a desesperança estavam em todos os ambientes. Inúmeras igrejinhas montadas em cada esquina, em muitas repartições públicas, apenas para coletar dinheiro. Tudo isso ainda existe, mas agora há esperança. Havemos jovens.
Guerras e conflitos, inclusive religiosos, se disseminavam com ou sem sangue na Idade Média. Apelos sexuais, escândalos econômicos e conveniências mal disfarçadas denegriam a humanidade. Tudo isso ainda existe. Todos foram chamados à guerra, mas havia quem desafiasse, não atendesse, não importa se fosse deserdado. Desertou. Foi um homem só, mas ensinou a paz. Havíamos Francisco.
Hábitos escuros, sacristias negras, práticas tenebrosas. A luz entra mas para ser apagada, a criança entra mas para ser violentada. É necessária férrea vontade para vencer a tristeza, é preciso pura alegria para vencer a inércia. O materialismo prevaleceu na ciência, o mercantilismo na política, a extorsão, o abuso e a acomodação na religião. Essencial colocar palácios em segundo plano, descobrir o mundo que existe para além dos castelos, desencastelar a fé, libertando-a das conveniências e tradições vazias. Havemos Francisco. 
O fogo da transformação esteve sempre aceso, mas sempre precisou de combustível, algo para ser transformado, alguém que se dispusesse à transformação. Os jovens foram para a rua dizendo não à corrupção, o pobrezinho de Assis foi para a rua dizendo não à violência religiosa, o papa foi para a rua dizendo não à opulência e à acomodação: cresce a labareda, será fogo de palha? Teremos mudança real?  
Nada ainda mudou. Líderes políticos e religiosos ainda são exaltados enquanto o bem é humilhado, governos e igrejas ainda são ricos rodeados de um povo pobre, os dólares estão nas cuecas, os ouros nos altares, os dízimos nas malas e jatinhos, o materialismo e o sensorialismo ainda escravizam gostosamente as mentes. E a violência vai para as ruas mesmo quando a maioria dos jovens, todos franciscos, apontam para a paz.
Mas a opinião pública está se formando. Multidões querem política mas não querem esses partidos. Bilhões buscam o Cristo, mas fogem desses cristãos. Todos querem mudanças, mas sem essa violência. Desmascaram-se os autoproclamados manifestantes que buscam o crime, os ditos políticos e juízes que apenas protegem seus bolsos, os pretensos servidores de Jesus que servem mesmo é ao dinheiro.
Senhores acomodados e suas grandes barrigas, estufadas de gula, de vaidade, de materialismo e cinismo: Nós buscamos o essencial, nós temos informação, sabemos o que é manifestação inteligente e o que é estupidez violenta, o que é o bem comum e o que é politicagem, o que é o bem profundo e o que é mercantilismo religioso.
Há luz onde havia trevas, há esperança onde havia desespero. Nós temos esperança. Os cínicos ainda dirão que esperar não muda nada, mas nós sabemos que sem esperança é que não existe mudança. A religião e a política verdadeiras estão nas ruas. Estão nas veias. Estão nas suas?

por Maurício de Araújo Zomignani em Julho de 2013 

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